A série Velozes e Furiosos chegou ao quinto filme jogando a mistura de carros tunados, testosterona e mulheres gostosas nas ruas do Rio de Janeiro
Aconteceu no Rio de Janeiro: dois Dodge Charger tunados foram perseguidos pela polícia em uma corrida pelas ruas do centro. Os carros puxavam com dois cabos de aço um cofre do tamanho de duas Kombis soldadas e deixaram um rastro de destroços - os danos ao patrimônio e ao bolso da polícia, que perdeu uma dezena de veículos, foram consideráveis. Ok, você não leu sobre isso no noticiário, mas tem explicação. A cena está em Velozes Cinco, quinta parte da franquia iniciada em 2001 com Velozes e Furiosos, só que na verdade foi filmada em Porto Rico, local que serviu de "duble" para o Rio em muitas cenas.
"Eu queria levar a série para o Rio", conta Vin Diesel, astro da franquia e também seu produtor. "Mas a cidade não
tem o tipo de avenida que a gente precisava para algumas cenas de ação."
Assim, além da fuga do cofre, Velozes Cinco teve várias outras partes filmadas na ilha do Caribe, um "Rio de Janeiro" mais cinematográfico. Diesel, de 43 anos, conversou com VIP longe do calor carioca. Era dezembro em Nova York, e ele fazia uma sessão de fotos para o filme em um estúdio, quando deu um tempo para falar sobre velocidade e mulheres bonitas. Ao vivo, ele passa longe da truculência de seus personagens no cinema: é um sujeito que fala devagar, sempre com bom humor, e dividiu sua atenção entre o repórter e sua filha recém-adotada.
Ou seja, tem pouco a ver com o ladrão Dominic Toretto, que ao longo da série (ele esteve ausente no segundo filme e surgiu em uma ponta no final do terceiro) tornou-se sinônimo de grease monkey, o sujeito que enfia a mão na graxa para deixar os carros com eficiência máxima - além de se dar absurdamente bem atrás do volante.
Em Velozes Cinco, ele continua seu giro pelo mundo fugindo da lei e, ao lado do ex-tira Brian 0'Conner (Paul Walker, o outro protagonista da série), reúne sua gangue de pilotos para dar mais um golpe. E a desculpa para desfilar uma parada de carrões modificados que deixam os fãs do tuning babando - e que, seja dita a verdade, são os verdadeiros astros dos filmes.
"Todo menino gosta de seus brinquedos velozes e brilhantes", brinca Diesel, numa tentativa de explicar a longevidade da série. "Ainda assim, eu acredito que Velozes e Furiosos está durando tanto porque, no fundo, é sobre família. Ou pelo menos um tipo de família baseada na camaradagem." Sei.
A verdade é que a franquia foi um acidente feliz. A aventura foi a primeira a trazer para o cinemão a cena dos carros importados da Ásia, tunados, coloridos e bonitões, misturada ao conceito de corridas urbanas. Com US$ 208 milhões em
caixa, a coisa colou, e logo Velozes e Furiosos se tornou uma marca explorada em videogames, miniaturas e - claro - na customização de automóveis que pareciam destinados a isso. Não tardou para os personagens (ou parte deles) retornarem em duas sequências.
A primeira, +Velozes +Furiosos, deixava Diesel de lado (ele estava ocupado com Triplo X, que foi um fracasso); a segunda, Desafio em Tóquio, se concentrou em um protagonista adolescente (Lucas Black) e foi no coração do tuning, o Japão, explorar um outro tipo de corrida, o drifting. Geralmente a quarta parte de uma série cinematográfica não passa de caça-níqueis sem-vergonha, mas o retorno de Vin Diesel - já como produtor Paul Walker e todo o elenco original revigorou a franquia com mais carros, mais perseguições e mais mulheres bonitas.
Em Velozes Cinco, o ator ressalta que o molho dessa mistura é deixar as trucagens digitais de lado e mostrar carros de verdade em perseguições de verdade - com a destruição mais realista: "Os computadores são uma ótima ferramenta, mas nada como sentir o calor da coisa. Literalmente".
"Não basta a gente explodir coisas, precisa de uma boa história", justifica Diesel. "O plot se encaixou perfeitamente com as paisagens do Rio, além de pesquisas do estúdio mostrarem que a cena do tuning em seu país é bem forte." Somando à testosterona, os produtores e o diretor Justin Lin, no comando dos filmes desde a terceira parte, decidiram colocar o ex-lutador Dwayne "The Rock" Johnson na trama, deixando dois dos fortões do cinema atual resolvendo a questão no braço. "E todo mundo foi ao Brasil, filmamos nas praias, nas favelas, foi uma experiência bem bacana", completa o astro.
O Rio de Janeiro, claro, não é a última parada da trupe de Velozes e Furiosos. Dependendo da bilheteria do filme - que terá pré-estreia mundial na capital fluminense este mês -, a sexta parte já está engatilhada e deve levar a mistura de assaltos elaborados, perseguição desenfreada e carros tunados para a Europa. Mais precisamente, para a Alemanha. "Eu sei que a gente precisa falar sobre roteiro, sobre desenvolvimento de personagens... Mas o que enche os cinemas é mesmo o ronco do motor", admite Vin Diesel. "E eu mal posso esperar para ver o estrago que a gente pode fazer numa autobahn"
No retrovisor
Nos quatro filmes da série, separamos os carros mais bacanas - todos modificados ao gosto do freguês
Dodge Charger 1970 (Velozes e Furiosos)
O carro que vira pedaços ao fim do filme tornou-se assinatura da série.
Mitsubishi Eclipse RS-T420A 1999 (Velozes e Furiosos)
Usado por Brian em sua primeira corrida, é um dos carros preferidos dos entusiastas do tuning.
Mazda RX-7 (Velozes e Furiosos e Desafio em Tóquio)
Dom o pilota nas corridas urbanas, mas é o modelo usado por Han na capital japonesa que vai para o trono.
Honda Civic (Velozes e Furiosos e Velozes e Furiosos 4)
O corpo fácil de ser modificado faz do Civic o carro perfeito para... bom, cometer crimes em alta velocidade.
Nissan Skyline GT-R R34 (+Velozes+Furiosos e Velozes e Furiosos 4)
A "bala de prata" de Brian deixou muito fanático por tuning de queixo caído.
Mitsubishi Lancer Evolution VII ( + Velozes + Furiosos) Amarelo, usado em corridas urbanas.
Ford Mustang Fastback 1967 (Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio) Equipado com motor de um Nissan Silvia S15, foi considerado uma heresia pelos amantes de automóveis.
Chevrolet Chevelle 1970 (Velozes e Furiosos 4)
Um muscle car com cara de poucos amigos deixa os competidores comendo poeira pelo caminho.
AS PERSEGUIÇÕES AUTOMOTIVAS MAIS SENSACIONAIS DO CINEMA
BULLITT (Peter Yates, 1968)
Com Steve McQueen atrás do volante, a cena que ainda define a qualidade de uma boa perseguição.
UM GOLPE À ITALIANA (Peter Collinson, 1969)
Menos velocidade, mais inteligência: é assim a fuga dos Mini Coopers neste pequeno clássico com Michael Caine.
CORRIDA CONTRA O DESTINO (Richard Sarafian, 1971)
O único filme de ação existencialista da história. Fugindo da polícia, Kowalski virou sinônimo de herói contra o "sistema".
OPERAÇÃO FRANÇA (William Friedkin, 1971)
A perseguição de Gene Hackman a um trem em Nova York é antológica neste ganhador do Oscar de melhor filme.
OS IRMÃOS CARA-DE-PAU (John Landis, 1980)
A comédia clássica com John Belushi e Dan Aykroyd soma o maior número de viaturas policiais destruídas num filme.
MAD MAX 2: A CAÇADA CONTINUA (George Miller, 1981)
Para defender um caminhão-tanque, Mel Gibson faz da aridez australiana um pesadelo de óleo e fumaça.
A IDENTIDADE BOURNE (Doug Liman,2002)
Jason Bourne (Matt Damon) pega um Mini Cooper modelo vovó e coloca a polícia parisiense no chinelo.
Texto Roberto Sadovski imagens
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Postado por Jerry William no .: Mil Coisas em 8/07/2011 08:58:00 PM --
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